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Um Poeta amador, puro e simplesmente. Ainda vivo essa transitoriedade, Onde o acaso ocasional é casual! Uma saciedade desprovida de alívio, Pois o necessário é pura ilusão. Assim como o mero ávido e vazio, Despretensioso de uma concepção única. Vivido no princípio de uma tristeza alheia, Uma energia sem força e direção! (Julio Maciel)

sábado, 10 de dezembro de 2011

Poesia - Escravo -


Escravo

Não fui comprado, nasci escravo.
Não tenho poder absoluto sobre meus desejos
Minha vida é só dependência
Sou carência, solidão e memória...
Escravo do dever, do sentimento de liberdade
Sou escravo de minha cor, de minha abolição
Branco, negro, mestiço ou mudo
Não tenho palavra, nem expressão
Sou verme capoeira das mandingas culturais,
Carne seca com feijão nas mesas dos currais!
Músculos...
Peitos e costas que brilham e escurecem o verde
Pura analogia entre os cafezais...
Visto-me de puro Sol e banho-me com a chuva
A Lua é o que cobre o meu corpo,
Vela meu sono
O tempo é o abrigo de meus odores
A única companhia de meus sentimentos ocultos
Minha servidão é a condição da vida
Bebo cem chibatadas, lágrimas e feridas sagradas
Sou alimento do feitor, do ódio e suas sentenças
Ofereço minhas chagas como tempero para sua comida
O sofrimento é o marco de minha História
Sou Negro, negreiro faceiro,
Cultura de fé, força e dança
Sou Esperanças do perdão, da cura e redenção
Graças por ser escravo!
Por marcar o tempo,
Por revelar a Natureza dos Homens,
Seus instintos de maldade e ganância
Que atravessa o tempo, às gerações
As tradições do Mundo!
Graças por tudo, simplesmente!
Por apontar com o dedo que os homens
Não passam de animais.
Hoje, choro como a chuva,
Eu não sou mais escravo pai!
Eu sou livre como o pensamento...
Cinzas levadas pelo vento!

Julio Maciel

2 comentários:

  1. Oi meu nome é João Carlos, e gostaria de saber se você me autoriza a usar sua poesia para um musical escolar, sem fins lucrativos?
    por favor responda pelo meu email jcbisponet@bol.com.br

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Poesia -- Plantação de Indigentes --

Poesia -- Plantação de Indigentes --
Poesia -- Plantação de Indigentes -- Hoje o despertar cinza do Sol Revelou quase sem força Frente a meus olhos vermelhos Uma voz de vidro inconsciente e crua De uma lembrança de vida sem recordações Pintando Estrelas órfãs e decapitadas Pelo tempo livremente invisível Mas cheio de odores saculejantes A nossa hipocrisia de belas feições! Dizendo que nos dias simples Nossas orações descredulas e confusas Desfazem-se a primeira esquina libertina Revelando realidade indiscreta, sem força e direção, Regurgitando em nossas janelas quebradas, Pedras coloridas atiradas pela suplica da Esperança, Que agoniza sobre o solo quente e fértil Antes da anunciação da chuva que devasta Toda uma plantação de indigentes em comunhão! (Julio Maciel)